Familiares denunciam negligência da polícia.
Delegado rebate acusações e investiga causas da morte do comerciante de 40
anos, que sofria de hipertensão.
O comerciante Francisco Edinei Lima Silva, de 40 anos,
morreu no dia 09 de outubro de 2017, após ficar preso por cerca de 18 horas em
uma jaula a céu aberto nos fundos de uma delegacia da Polícia Civil, em Barra
do Corda (MA). O local não tem banheiro, teto, nem água encanada.
Silva foi
detido na tarde do dia 08 de outubro de 2017, depois de dirigir embriagado e se
envolver em um acidente de trânsito. Os familiares da vítima alegam que houve
negligência da polícia, pois o comerciante sofria de hipertensão, mas não teria
recebido o atendimento adequado.
O acidente ocorreu
por volta das 11h do dia 08 de outubro de 2017, na BR-226, que passa por Barra
do Corda - MA. O carro que Silva dirigia bateu de frente com uma moto. O
motociclista, identificado como Gustavo, foi socorrido e levado para o hospital
de Presidente Dutra (MA).
O comerciante,
por sua vez, foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de
Barra do Corda - MA e liberado em seguida. Ele foi levado pelos policiais e deu
entrada na jaula por volta das 14h de domingo. A família conta que o
comerciante ficou dentro da jaula com mais dois presos, sem assistência médica,
embora tenha se queixado de dores de cabeça e mal-estar.
Os familiares
afirmam, ainda, que a polícia sabia que Silva sofria de hipertensão e fazia uso
de medicamento controlado, mas alegam que a vítima só foi levada de volta para
a UPA às 8h30 de segunda. Ele morreu horas depois, por volta das 14h, e a causa
da morte está sendo investigada.
"Se
tivessem estabilizado a pressão dele, se tivessem esperado ele tomar água e o
medicamento e se ele não tivesse ficado exposto ao sol ele estaria aqui com a
gente", disse Hellen Cristina, afilhada de Silva.
"A mãe
dele pediu 'pelo amor de Deus', e todo mundo pediu para levar água e
medicamento para ele. Tudo foi recusado. Negligência total. A gente não teve
condição nem de fazer uma visita rápida", afirma Adão Alves, cunhado da
vítima.
O delegado
Renilton Ferreira contesta as afirmações da família. "A todo tempo, seu
Francisco esteve acompanhado dos advogados. Se ele tivesse qualquer necessidade
física, de saúde ou mesmo de não respeito aos direitos humanos, caberia ao
advogado fazer um requerimento junto à autoridade policial."
De acordo
Ferreira, a jaula é ocupada por presos provisórios. "Trata-se de uma ala
da nossa carceragem destinada a presos provisórios até que sejam atendidos pela
autoridade policial competente. Após o atendimento, o preso é transferido para
outra cela, com outros presos, ou liberado, de acordo com as
circunstâncias", explicou o delegado.
O corpo de
Silva foi encaminhado para o IML de Imperatriz (MA), e o caso está sendo
investigado pela polícia de Barra do Corda.
"A polícia
agora trabalha para investigar. Vamos ouvir todas as pessoas, inclusive presos
que estavam próximos ou junto de Francisco, para saber como todos os fatos
ocorreram. Já solicitamos o prontuário médico de atendimento das duas
ocorrências na UPA de Barra do Corda para chegar à conclusão do que motivou a
sua morte", disse o delegado.
Mônica, irmã de
Francisco, questionou o andamento da investigação. Segundo ela, o laudo da
morte será liberado em 10 dias, mas somente o delegado poderá buscar o
documento.
"O nosso
medo é de que o delegado não vá buscar e a gente não saiba exatamente o que
aconteceu. O médico legista adiantou que houve negligência, porque ele demorou
para ser socorrido. Como ele estava com pressão alta, deveria ficar no hospital
[UPA] e só ser liberado após a pressão normalizar. Além disso, ao ser liberado,
ele não deveria ir para o 'gaiolão', porque eles sabiam que ele não estava bem.
Ele deveria ter ido para a cela interna", afirmou Mônica.
A direção da
UPA de Barra do Corda, onde o comerciante foi atendido antes de ser preso, não
se pronunciou sobre o caso. O G1 solicitou
nota ao Governo do Maranhão sobre o caso, mas não obteve resposta.
Protesto
Moradores de Barra do Corda fizeram um protesto em frente à delegacia na manhã desta quarta-feira (11). A manifestação contou com a presença de centenas de moradores, além dos familiares de Silva. Por G1 MA, Barra do Corda, MA
Moradores de Barra do Corda fizeram um protesto em frente à delegacia na manhã desta quarta-feira (11). A manifestação contou com a presença de centenas de moradores, além dos familiares de Silva. Por G1 MA, Barra do Corda, MA
Edmilson Moura
Nenhum comentário:
Postar um comentário