Indignado com as medidas previstas contra os brasileiros mais
pobres na reforma da Previdência encaminhada pelo governo Bolsonaro (PSL) ao
Congresso Nacional, o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), declarou,
hoje, que os parlamentares irão derrubar o projeto. Segundo ele, caso isso não
ocorra, o Judiciário é que será o responsável por barrar a iniciativa.
“Quem vai ter coragem de votar aqui contra os idosos em extrema
pobreza? Quem vai votar contra os trabalhadores do campo? Contra os
professores? Contra os policiais de menores salários? Contra os servidores
públicos de salários reduzidos, contra os trabalhadores em geral, a quem essa
fatura miserável do ajuste está sendo imposta?”, disparou.
Para Humberto, a proposta agride a dignidade humana e lega ao
futuro do Brasil uma legião de miseráveis que, sem qualquer condição de
sobreviver, estará condenada à morte, com a finalidade de que se possa ter uma
Previdência Social pretensamente saneada.
“O ajuste é todo feito nas costas dos mais pobres, em prejuízo
dos mais pobres, para aumentar as mazelas dos mais pobres. É uma reforma
caracterizada pelo caráter nitidamente excludente”, resumiu.
Segundo ele, é uma barbaridade propor que o trabalhador só
receba a aposentadoria no valor integral depois de 40 anos de contribuição,
principalmente num país onde campeia a informalidade pela falta de emprego.
“Será praticamente impossível alguém cumprir esses requisitos. A consequência
será o aumento do fosso social, jogando no abismo da miséria milhões de seres
humanos, em sua maioria idosos e crianças”, lamentou.
O senador lembrou que a mesma crueldade foi aplicada ao
trabalhador rural, que sente o peso de uma enxada de sol a sol, em condições
muitas vezes inóspitas. Bolsonaro aumenta para 20 anos o tempo de contribuição
e quer equiparar a idade mínima entre homens e mulheres. “É de uma atrocidade
inaceitável, típica de quem não conhece a dureza do trabalho no campo ou de
quem dele se locupleta”, observou.
O parlamentar reiterou que irá lutar para que os professores
também não percam o especial do magistério nem tenham a idade aumentada para 60
anos, sem respeito às questões de gênero. Ele ainda criticou a proposta que
impõe aos aposentados que voltaram ao mercado de trabalho para complementar a
renda a perda do direito à multa rescisória de 40% sobre o saldo do FGTS.
“É uma reforma de perdas, perdas e somente perdas para o
trabalhador. Não se fala em rever a política de desonerações que, somente este
ano, deve tragar mais de R$ 300 bilhões. Não se fala no efetivo combate à
sonegação, que deixa escoar pelos ralos da impunidade mais de meio trilhão de
reais”, ressaltou.
O líder do PT fez questão de registrar que o governo Lula fez
ajustes na Previdência Social, mas sem, jamais, retirar direitos dos
trabalhadores e, sim, combatendo fraudes e corrigindo distorções que mais
faziam todos perderem do que ganharem.
Agora, de acordo com ele, vem esse governo tacanho e entreguista
dizer que o INSS é deficitário e gastar milhões do dinheiro do brasileiro para
tentar convencer o próprio brasileiro de que trabalhar mais, contribuir mais e,
no fim da vida, ganhar menos é um excelente negócio.
“Essa é a nova política de Bolsonaro. É o ouro de tolo com que
ele enganou milhões e, agora, em flagrante prática de estelionato, tenta
aprovar um projeto que jogará o povo brasileiro na miséria e no desalento.
Vamos oferecer toda nossa oposição a essa proposta. Há alternativas para o
Brasil crescer”, afirmou.
Postado por Magno Martins
Redação/Blog Edmilson Moura.