Moradores relatam medo de sair às ruas. Secretário diz que caso é 'pontual'. Entre os mortos, segundo os moradores, está um homem que vendia lanches em frente à festa.
Moradores da área onde ocorreu uma chacina com 14 mortos nesta madrugada, em Fortaleza, relatam que estão com medo de sair de casa "até para comprar pão". O G1 esteve no bairro na manhã deste sábado (27), horas após a matança, e conversou com moradores. Um motorista e um vendedor de cachorro-quente estão entre as vítimas. O filho do ambulante, de 12 anos, está ferido.
Criminosos dispararam tiros em uma festa no ''Forró do Gago'' por volta de 12h30 da madrugada e deixaram 14 mortos, na Rua Madre Teresa de Calcutá, no Bairro Cajazeiras. Moradores disseram que o alvo do grupo eram membros de uma facção rival. Sete pessoas feridas estão no Hospital Instituto Dr. José Frota e uma no Frotinha de Messejana. Um suspeito foi preso.
"Eu estava em casa me preparando para sair com minhas bebidas para vender no local que aconteceu a chacina. Aí eles apareceram atirando. Matando quem aparecesse pela frente. Eu entrei em casa e os vi atirando no motorista do Uber. O passageiro correu e os criminosos atiraram nela, mas ela, graças a Deus, escapou", disse o comerciante ainda sem acreditar.
Há marcas de bala nas paredes das casas, no local da festa e nos veículos que estavam estacionados na via. Apesar da chuva, a calçada da casa de forró ainda estava coberta de sangue na manhã deste sábado.
O comerciante afirmou também que "por muita sorte" não morreu. Ele diz que frequenta a casa de show, mas nesta madrugada se atrasou. "Eu fui pegar algumas bebidas na casa de um colega aqui pertinho. Quando preparava o meu carrinho de bebidas para sair de casa chegaram os bandidos armados", disse.
Armamento pesado
Um morador ouvido pelo G1 afirmou também que todos estavam armados com pistolas e fuzis, usando coletes e balaclavas. Ainda segundo o morador, o tiroteio durou cerca de 40 minutos. "Parecia um filme. Vi eles atirando em quem passasse pela rua. Um dos tiros atingiu a parede da minha casa. Muito tiro e depois quando deixaram o local eles ainda cantaram uma música de uma facção criminosa e atiram para o alto", afirmou.
Durante a chacina, o vendedor de cachorro quente Antônio José, conhecido no bairro por "Marrom", estava com filho de 12 anos quando foi atingido pelos tiros. O filho ficou ferido na coxa e encaminhado para o Instituto Doutor José Doutor Frota (IJF), no Centro. A vizinha do vendedor que também não quis se identificar não se conforma com a perda do amigo que segundo ela era muito trabalhador.
Seis pessoas estão internadas no hospital Instituto José Frota (IJF), entre elas, um menino de 12 anos. Uma jovem de 19 anos, outros três adolescentes de 16 anos - sendo duas jovens -, e um rapaz de 24 anos estão internados ''sem risco de morte iminente'', segundo o hospital.
"Fico revoltada com tanta violência e o governo não fazer nada. Uma pessoa trabalhadora e do bem. Ele sempre ficava lá junto com filho vendendo lanches. Foi horrível tudo que aconteceu. Queremos que as autoridades tomem providências", desabafou.
Busca pelos suspeitos
O PM ouvido pelo G1 afirmou também que os policiais realizam uma força-tarefa momentos após o crime em busca dos autores. Um helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) sobrevoa a região.
O policial afirmou que não pode informar detalhes sobre as buscas ou eventual identidade dos suspeitos. Também não há confirmação se algum suspeito foi preso até a madrugada deste sábado.
Fonte: G1 CE
Redação/Blog EDMILSON MOURA
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