Atos contra a anistia e a PEC da Blindagem foram convocados neste domingo (21/9) em diversas capitais do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife, Belém e Porto Alegre.
A convocação ganhou peso com a participação de grandes artistas. Caetano Veloso, Chico Buarque e Gilberto Gil.
"A gente tem que ir pra rua, pra frente do Congresso, como já fizemos outras vezes", convocou Caetano em suas redes sociais.
As manifestações ocorrem depois que a Câmara dos Deputados decidiu acelerar uma proposta de anistia, mas o impasse sobre qual pode ser o benefício para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros condenados por crimes contra a democracia continua.
Enquanto parlamentares
bolsonaristas querem um amplo perdão que livre o ex-presidente da prisão e o
libere para disputar a eleição de 2026, a esquerda resiste a qualquer
suavização de sua condenação no Supremo Tribunal
Federal (STF) por liderar uma tentativa de golpe de Estado.
Milhares de pessoas ocuparam neste
domingo (21) a Praia de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, as ruas pelo Brasil, para
protestar contra a PEC da Blindagem e a anistia a condenados por golpe de
Estado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), entre eles o ex-presidente
Jair Bolsonaro, ex-ministros e aliados.
A proposta de emenda à
Constituição repudiada pelos manifestantes foi aprovada pela
Câmara dos Deputados na última terça-feira (16). Na prática, a medida
dificulta a abertura de processos criminais contra parlamentares, ao impor que
as casas legislativas devem aprovar a abertura desses processos.
Aos gritos de "Sem Anistia"
e "Viva a democracia", os manifestantes se reuniram
na altura do Posto Cinco da Orla de Copacabana, para escutar os discursos de
lideranças políticas e assistir aos shows dos cantores Chico Buarque, Caetano
Veloso, Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Djavan, entre outros.
Caetano Veloso disse, durante o ato
musical, que a democracia no Brasil resiste. Segundo ele, a cultura
nacional apresenta grande vitalidade.
"Não podemos deixar de responder aos horrores que vêm se insinuando
à nossa volta".
Gilberto Gil lembrou que o Brasil já
passou por momentos semelhantes em sua história. "Passamos por momentos
parecidos sempre em busca da autonomia, o bem maior do nosso povo",
afirmou.
De
estudantes a aposentados
A servidora pública federal
aposentada Regina de Brito, de 68 anos, foi uma das primeiras a chegar,
para ficar bem perto dos cantores do ato musical. Ela disse ser muito importante
apoiar o movimento contra os que tentaram planejar um golpe no país.
"Eu fui criada na ditadura militar. Sei como era isso. Esses caras acabaram de ser condenados, nem estão cumprindo pena e já querem anistia? E esse Congresso vilão, da direita, em vez de votar pautas do povo, como a isenção do imposto de renda até R$ 5 mil, é um Congresso que não pensa no povo em nenhuma instância, só pensam no próprio umbigo".
O estudante da rede pública estadual
de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, Caio dos Santos, de 16 anos, contou
estar no ato por achar muito importante a movimentação do povo brasileiro
contra "o desserviço à população feito pelo Congresso Nacional".
"Acho que essa PEC da Bandidagem é um total
desrespeito com a nossa cara. O povo brasileiro não pode assistir calado o que
estão fazendo. Eu, como estudande da rede pública, tenho obrigação de ser
contra pessoas como o Bolsonaro, que só torcem para o mal da educação, da
saúde. Não adicionam nada de bom à nossa população, à nossa sociedade",
criticou.
"Do que eu estudo da ditadura, eu tento espalhar essa consciência entre meus amigos para o não retorno da extrema-direita e para a consciência na hora do voto", acrescentou Caio.
Acompanhado da esposa, o policial
penal aposentado Edson Enio Martins Tonnel, de 75 anos, também chegou cedo ao
ato para protestar contra a Câmara dos Deputados.
"Se a gente não reagir, a Câmara vai se tornar um antro de bandidos. Eu acho que, essa PEC, o Senado deve barrar. Qualquer bandido vai se candidatar, vai ser deputado e piorar a situação. O crime vai para Brasília mais do que já está. Independente da nossa idade, cada um tem que colaborar para o bem do Brasil, da nossa família. Que o Bolsonaro apodreça na cadeia, quem fez o que fez em Brasília tem que pagar".
Com os amigos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em
Seropédica, a estudante de arquitetura Letícia Rocha, de 20 anos, afirmou
que a história não pode se repetir. " A gente não pode esquecer nunca do
passado. Uma vitória que a gente teve foi a condenação do Bolsonaro".
Créditos: Agência Brasil.
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