sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

SAÚDE PÚBLICA: LOSARTANA O REMEDIO MAIS VENDIDO DO BRASIL.

Losartana vira o genérico mais vendido do país e expõe o avanço silencioso da hipertensão no Brasil. O remédio ganha espaço porque o país envelhece, se move pouco, dorme mal e chega tarde ao diagnóstico. Ele age bloqueando o sistema que contrai os vasos e, por ser barato e seguro, domina o tratamento.

Losartana vicia? Por quanto tempo pode tomar? Genérico mais vendido do Brasil escancara problema de saúde pública; entenda

Remédio mostra país hipertenso, sedentário, diagnosticado tarde — e que recorre a comprimidos para controlar um problema que nasce fora da farmácia.

Por Talyta Vespa, G1

A cada manhã, milhões de brasileiros repetem o mesmo gesto: engolem um comprimido de losartana. O ritual cotidiano ajuda a explicar um fenômeno que virou símbolo da saúde nacional: o remédio é hoje o genérico mais vendido do país, à frente até de analgésicos populares como dipirona e nimesulida.

O domínio absoluto não é apenas um efeito do envelhecimento da população. Para o cirurgião cardiovascular Ricardo Katayose, da Beneficência Portuguesa de São Paulo, ele revela um país que se move pouco, dorme mal, come mal e chega tarde ao diagnóstico.

“O país tem alta incidência de hipertensão, uma prevalência acima da curva, reflexo de falhas nos cuidados primários”, afirma.

Os números confirmam: três em cada dez adultos brasileiros têm pressão alta, acima da média global de 24%. E a nova Diretriz Brasileira de Hipertensão, publicada em 2025, apertou ainda mais o cenário ao classificar 12x8 como pré-hipertensão, ampliando o grupo de risco.

Envelhecimento, sedentarismo, metas mais rígidas e um sistema que falha em prevenção explicam parte do avanço da losartana. A outra parte está na forma como o país organiza seu cuidado: o Brasil trata, mas não previne.

Por que a losartana virou indispensável

Para entender a popularidade do medicamento, é preciso olhar para o mecanismo que ele tenta equilibrar. Os vasos sanguíneos funcionam como tubos que podem se contrair ou relaxar. Quem coordena esse ajuste é o sistema renina–angiotensina–aldosterona, responsável por regular pressão e volume de líquidos.

Quando a pressão cai, o rim libera renina, que ativa a angiotensina I (AT1), uma molécula intermediária que é convertida em angiotensina II. Esse hormônio contrai os vasos e estimula a liberação de uma substância que faz o corpo reter sódio e água, a aldosterona. O conjunto aumenta o volume e, consequentemente, a pressão.

Esse mecanismo deveria atuar apenas em situações de queda de pressão, mas na hipertensão ele fica hiperativado, como se o corpo estivesse permanentemente em alerta.

É nessa etapa final que a losartana age. "É como se tampasse a caixa de correio para que o carteiro não conseguisse entregar a carta", explica Katayose. A metáfora se refere ao bloqueio do receptor AT1 — sem receber essa “carta”, o vaso sanguíneo não recebe a ordem para se contrair.

A fórmula funciona, é segura e previsível — mas não é só isso que a faz liderar o mercado. É barata, nacional e gratuita no SUS, o que aumenta a adesão.

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Créditos G1

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