O presidente da Rússia, Vladimir Putin (à esquerda, ao lado
de Xi Jinping, da China), tem causado apreensão na economia mundial com a
ameaça de invasão á Ucrânia (Crédito: Valter Campanato/Agência Brasil)
A
iminente invasão da Ucrânia pela poderosa força militar russa vai gerar um caos
na economia mundial, com proporções similares aos da pandemia nos últimos dois
anos. Dias atrás, o presidente americano Joe Biden subiu o tom e garantiu que a
ofensiva causará um custo alto para Vladmir Putin. O problema é que uma
eventual guerra não terá um custo alto só para o líder russo. Vejamos.
Como a Rússia é um dos maiores
produtores de petróleo e gás de mundo, e o principal gasoduto que abastece as
residências e a indústria europeia cruza o território ucraniano, pode-se
esperar uma disparada dos combustíveis em todo o mundo. O barril do petróleo,
hoje próximo a US$ 90, deve ultrapassar US$ 100 assim que o primeiro tiro na
fronteira for disparado. Por consequência, o frete, os alimentos e praticamente
todos os produtos – industrializados ou não – serão afetados pela guerra.
Além da inflação, a já desorganizada cadeia de suprimentos também será afetada.
Não seria a primeira vez que as
tensões geopolíticas no Hemisfério Norte causariam estragos imensos na economia
brasileira. A fragilidade das exportações e baixa competitividade da indústria
brasileira fazem do Brasil uma espécie de paciente na UTI com uma extensa lista
de comorbidades.
O impacto de uma provável
disparada dos preços não seria motivo de tanta preocupação se o real não
estivesse tão depreciado frente ao dólar. Como a inflação já roda acima de dois
dígitos, e os juros estão em trajetória de alta, há pouca margem de manobra
para amortecer a alta dos preços.
Ainda existem alternativas para
que um confronto armado seja evitado. O pano de fundo do aumento das tensões
está o descontentamento da Rússia a uma possível entrada da Ucrânia na
Organização dos Países do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Putin não quer ter
um vizinho e ex-território soviético sob influência direta dos Estados Unidos.
A Otan, que reúne os países mais ricos do Ocidente, já se manifestou dizendo
que não cabe à Rússia indicar quem deve ou não fazer parte do grupo. Vale
recordar que a Ucrânia foi invadida pela Rússia na década passada, quando Putin
apoiou grupos separatistas na região da Crimeia, que foi anexada pelos russos.
Enquanto um acordo não sai, a Rússia posiciona mais de 100 mil soldados na fronteira com a Ucrânia. E o Brasil torce – ou pelo menos deveria torcer – para que as troca de ameaças não passe de um jogo de palavras. Se a guerra ocorrer, não há dúvidas de que Putin vai pagar muito caro. E todos nós também pagaremos.
Deus no controle de tudo.
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