Manifestação bolsonarista fracassa em São Paulo (Foto: Sputnik / Guilherme
Correia)
Manifestação em
defesa do líder da tentativa de golpe de estado em 8 de janeiro de 2023 flopou
em São Paulo.
A manifestação organizada neste domingo (29) na avenida Paulista em
apoio a Jair Bolsonaro (PL) evidenciou o esvaziamento da base bolsonarista nas
ruas. Apesar da mobilização intensa promovida pelo pastor Silas Malafaia, que
organizou e financiou o evento, e da presença de figuras políticas influentes
da extrema direita, o público presente foi significativamente menor do que em
atos anteriores. Segundo dados do Monitor do Debate Político da USP, o pico de
participantes foi de apenas 12 mil pessoas — menos de um terço dos 44,9 mil
registrados em abril deste ano. A informação é da Sputnik Brasil, que acompanhou in loco a manifestação.
O evento ocorreu em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), com um
trio elétrico estacionado na altura da rua Peixoto Gomide. Entre bandeiras do
Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, apoiadores empunhavam cartazes contra o
Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar
da atmosfera de protesto, o clima era de constrangimento entre os aliados
diante do número reduzido de presentes.
Justificativas frágeis e discursos reciclados
Diante do evidente fracasso de público, líderes bolsonaristas recorreram
a explicações pouco convincentes. O deputado federal Sóstenes Cavalcante
(PL-RJ) culpou a data e as dificuldades financeiras dos apoiadores: “É o
penúltimo dia do mês, o nosso povo vem sempre pagando passagem, mais as
despesas de Uber”, afirmou.
Silas Malafaia, por sua vez, tentou relativizar a baixa adesão, dizendo
que “o número de participantes seria menos importante que o teor de seu
discurso”. A tentativa de minimizar o fiasco, no entanto, contrastava com o
objetivo central do ato: pressionar o STF no momento em que Bolsonaro é réu em
múltiplas ações penais e articulava, informalmente, seu retorno ao cenário
eleitoral de 2026.
Discurso golpista velado e slogan trumpista
Em cima do palanque, Jair Bolsonaro reforçou seu discurso de
vitimização, negou ter articulado qualquer tentativa de golpe — “Nenhuma arma
foi apreendida. Que tentativa armada é essa?” — e voltou a pedir anistia aos
presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. “É o caminho da pacificação”, disse,
fazendo referência à Constituição.
O ex-presidente também fez projeções eleitorais e mirou no Congresso:
“Se me derem [...] 50% da Câmara e do Senado, eu mudo o destino do Brasil. E
digo mais, nem preciso ser presidente”, declarou. Em outro trecho, evocou o slogan
do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: “Make Brazil Great Again”
(“faça o Brasil grande de novo”), sinalizando mais uma vez sua aliança
simbólica com a ultradireita internacional.
A defesa da maioria legislativa, segundo Bolsonaro, garantiria o
controle de todo o Parlamento: “Com essa maioria, nós elegeremos o nosso
presidente da Câmara, o nosso presidente do Senado, o nosso presidente do
Congresso Nacional, a maioria das comissões de peso no Senado e na Câmara. Não
interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem assumir a liderança vai mandar
mais que o presidente da República.”
Plateia esvaziada, palanque cheio
Apesar do público acanhado, o ato contou com a presença de quatro
governadores bolsonaristas: Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Cláudio
Castro (RJ) e Jorginho Mello (SC). Em seu discurso, Tarcísio atacou diretamente
o Partido dos Trabalhadores: “O Brasil não aguenta mais o PT. Vamos dar essa
resposta no ano que vem.”
Também presente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) reforçou a tese de
perseguição ao pai, chamando os processos contra o ex-presidente de
“inquisitórios”.
Lançamento informal de campanha
Embora inelegível, Bolsonaro usou o palanque para ensaiar sua volta ao
jogo político com vistas a 2026. O ato funcionou como uma espécie de
pré-lançamento informal de sua campanha, centrada na retórica antissistema, na
mobilização de sua base evangélica e na pressão sobre o Judiciário.
Ao final, o fracasso de público demonstrou que, fora das redes sociais e
da bolha ideológica, o bolsonarismo encontra dificuldades crescentes para
mobilizar massas. A tentativa de criar um novo 7 de setembro esvaziou-se em
pleno coração da avenida Paulista.
A NOVA JOGADA DOS
BOLSONARISTAS. BOLSONARO REFORÇA IMPORTÂNCIA DO CONGRESSO EM 2026: "NEM
PRECISO SER PRESIDENTE" ASSISTA O VÍDEO
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