Diante da ofensiva de Trump contra o Brasil, o encontro no Chile adquire um caráter ainda mais estratégico para o governo Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta segunda-feira (21), em Santiago, no Chile, de uma cúpula internacional que reúne líderes progressistas da América Latina e da Europa para debater a defesa da democracia, o combate à desinformação e a redução das desigualdades sociais. O encontro conta com a presença de Gabriel Boric (Chile), Pedro Sánchez (Espanha), Gustavo Petro (Colômbia) e Yamandú Orsi (Uruguai), e representa um esforço conjunto de países comprometidos com o multilateralismo e a justiça social.
A reunião dá continuidade à iniciativa "Em DEfesa
da Democracia", lançada recentemente, e tem como eixos principais o
fortalecimento das instituições democráticas, o enfrentamento das fake news e a
regulação das tecnologias emergentes. Além dos compromissos diplomáticos, a
agenda também inclui um almoço oficial na chancelaria chilena e um encontro com
representantes da sociedade civil organizada.
O evento acontece em meio à crescente tensão diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos. No dia 9 de julho, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano. Trata-se da taxa mais alta entre mais de 20 países atingidos pelas novas barreiras comerciais, que passam a vigorar a partir de 1º de agosto.
A decisão de Trump repercutiu de forma contundente em
Brasília. Em pronunciamento em rede nacional na última quinta-feira (17), Lula
condenou as medidas adotadas por Washington e classificou a decisão como
"chantagem inaceitável". O presidente brasileiro também aproveitou a
ocasião para criticar duramente setores políticos internos que, segundo ele,
apoiam as imposições unilaterais da Casa Branca: “Traidores da pátria não
vacilam em aplaudir quem agride o Brasil”, declarou.
A expectativa é que o tema das tarifas comerciais impostas por Trump ganhe espaço nos bastidores e nas falas oficiais da cúpula em Santiago. A reação coordenada dos países participantes poderá influenciar futuras negociações multilaterais, sobretudo no campo da diplomacia econômica e da governança global.
Além disso, os líderes pretendem elaborar propostas que serão levadas para o próximo grande encontro do grupo, previsto para acontecer durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, em Nova York. O objetivo é apresentar uma frente ampla de resistência às ameaças autoritárias e às políticas unilaterais que comprometem a ordem internacional baseada na cooperação entre os povos.
Com o acirramento da retórica antibrasileira por parte do governo norte-americano e os ataques ao Supremo Tribunal Federal por figuras próximas a Trump, o encontro no Chile adquire um caráter ainda mais estratégico para o governo Lula. O Brasil busca reafirmar sua posição em favor do diálogo, da paz e da soberania dos países do Sul Global.
A presença de lideranças como Boric, Petro e Sánchez reforça o alinhamento entre os governos progressistas da região, que enxergam a defesa da democracia não apenas como um princípio institucional, mas como uma agenda concreta de enfrentamento às desigualdades e de promoção dos direitos sociais. Nesse contexto, o evento em Santiago se projeta como um importante fórum de articulação política em meio a um cenário internacional marcado por tensões comerciais, polarização ideológica e desafios globais compartilhados.
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